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Pensantes

Pensantes

Nesta fase do desenvolvimento tecnológico, principalmente dos meios de comunicação, parece estranho convidar pessoas a pensar.

 

Principalmente convidá-las a pensar juntas.

 

Mesmo assim, o convite persiste.

 

Temos sido invadidos por muitos pensamentos ideológicos radicais, que muito nos desinformam e nos confundem.

 

Por vários mecanismos estes se multiplicam e, por isso, acabam se tornando epidêmicos.

 

Não é por acaso que essa disseminação é conhecida como “viralizar”

 

Há que atentar para os riscos apontados por Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha Nazista, de que "uma mentira dita mil vezes torna-se verdade".

 

Nesse espaço pretende-se, portanto, apresentar pensamentos fundamentados na ciência, que possam ser questionados, confrontados e modificados mediante novas evidências, como deve ser tratada a evolução do saber humano em consenso com o universo que o cerca.

 

Verdades absolutas, cláusulas pétreas, sempre, nunca, tudo ou nada são valores que são úteis apenas para motivar o pensamento e exigir do pensante uma superação, indo além do óbvio.

 

Para tal, traremos para este ambiente uma crônica que permitirá um pensar livre e, quiçá, uma interlocução.

 

Será plausível?

 

Só saberemos tentando e convidando-o a tentar conosco, baseados na afirmação de Jean Cocteau: “não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”

 

 

Bem-vindo ao PENSANTES!

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Por que comemorar ?

 

Há praticamente um ano, no 23 de junho de 2022, comemoramos os 40 anos de existência do Serviço de Geriatria do HC-FMUSP e da Unidade Clinica de CardioGeriatria do InCor, além dos 30 anos da Disciplina de Geriatria da FMUSP.

 

Na minha fala inicial, questionei propondo uma reflexão: por que comemorar?

 

De origem latina, comemorar significa “recordar junto”.

 

Esta palavra foi, com o tempo, assumindo a sinonímia de festejar, mas em essência, traz consigo a importância de reviver experiências vivenciadas no passado, remoto ou recente, que caracterizam a história e as estórias de pessoas, de instituições, de entidades, enfim, de tudo o que possa ser memorizado coletivamente.

 

O mais interessante é que cada um de nós tem as suas próprias estórias de cada vivência. Cada qual detectou e apreendeu uma parte do todo, geralmente diferente das dos demais, e certamente a que mais lhe sensibilizou e, por isso, pelo menos em parte, aquela que caracterizou aquele momento.

 

Numa comemoração, portanto, tentamos juntar vivências individuais em prol de uma perspectiva coletiva, poliédrica, com os fatos e fotos que nos levam, a todos, voltar ao nosso rico passado.

 

É como se costurássemos uma belíssima colcha de retalhos onde, cada qual, contribui com a sua observação daquilo que os outros não deram a mesma importância. Devidamente tecida, torna-se algo inestimável.

 

É por isso que a comemoração, frequentemente, agrega valor a tudo que a motivou, pois oferece complementos às lembranças anteriores de cada um.

 

Esta é mais uma das vantagens dos longevos. Têm muito mais motivos para comemorar, mesmo quando os resultados não tenham sido os esperados, pois suas vivências se acumularam no transcorres desses muitos anos e podem, ainda se tornar mais interessantes após novas aquisições dadas por aqueles que delas participaram.

 

Particularmente, não perco a oportunidade de comemorar, com meus pares, qualquer evento que nos una, com o intuito de conhecer melhor aquilo que não detectei naquele instante e, com isso, apurar ainda mais as minhas sensações dele decorrentes.

 

Termino lembrando que quem não comemora, não amplia sua aquarela de emoções e sentimentos vivenciados.

 

Não é por outro motivo que nós nos encontramos no Pensantes!

O Livro dos “Porquês”

Na minha infância, vivida na década de 50, havia muito pouca literatura infantil e muito pouco incentivo para atrair a atenção literária das crianças.

 

Meus familiares, tentando vencer estas dificuldades, presentearam-me a cada Natal, aniversário ou Dia da Criança com um volume do Tesouro da Juventude, coleção de livros grossos, pesados, cuidadosamente editados, escritos originalmente por autores ingleses, traduzidos para a língua portuguesa com termos que nem sempre me eram inteligíveis naquele momento.

 

Cada um dos 18 tomos foi tratado, por mim, como verdadeiras joias preciosas, fazendo jus ao nome da coleção. Não por outro motivo, eu os conservo até hoje. Provavelmente veio daí o meu profundo respeito pelos textos e compêndios a que tive acesso até os dias atuais.

 

Outra percepção que credito a esta interação bibliográfica, foi o meu precoce interesse por entender a razão de cada fato, expresso pela habitual curiosidade infantil, e que se sentiu extremamente prestigiado ao encontrar, na coleção referida o “Livro dos Porquês”.

 

Nele eu entendi que nada vem do nada (ex nihilo nihil fit), embora muitas vezes possamos ainda desconhecer a razão daquele fenômeno. Por um lado, existe a incômoda constatação da ignorância. Por outro, para mim ainda mais impactante, a estimulante necessidade de progredir na busca do conhecimento.

 

Em resumo: a cada “não sabemos...” um estimulo explícito para o “temos que saber...”, o que me tornou um eterno garimpeiro do conhecimento, ciente de que essa busca constante é o principal determinante da ciência. Não há como avançar no conhecimento sem um pensar pautado na ciência.

 

Se Newton não se propusesse a explicar porque a maçã era atraída pela terra ou Fleming não se perguntasse por que as bactérias não cresceram em torno da colônia de fungos, nossos conhecimentos de física e de biologia teriam sido prejudicados e nossos avanços na Astronomia e na Medicina postergados.

 

Entendo hoje, depois de muito pensar, de que o acaso seja sempre uma explicação temporária, válida apenas até que se encontre uma possível relação causa-efeito, mas cientes de que todas as explicações, mesmo as mais óbvias, perduram apenas até que outras melhores as substituam.

 

Disso decorre a minha diferenciação entre convicção e certeza: fico convicto, mediante as evidências que tenho, de que aquela explicação justifica, pelo menos em parte, aquele fato. Certeza, tenho apenas a de que esta convicção poderá ser substituída por outra decorrente de novas evidências.

 

Finalizando, ciente da necessidade de ampliar esta discussão, mediante outros olhares e perspectivas, convido-os a pensar nesse assunto e nos prestigiar com os seus pensamentos.

 

Não é por outro motivo que nós nos encontramos no Pensantes!

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